Dois anos e meio depois da entrada em vigor no Brasil da fase P7 do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores), voltada para a redução de emissões por caminhões e ônibus, a revista CNT Transporte Atual ouviu diferentes segmentos envolvidos no processo para saber sobre os possíveis ganhos ou eventuais problemas detectados até então. Transportadores, indústria automobilística, distribuidores de combustível e governo fizeram uma análise sobre esse período.
Os ganhos reais que a fase P7 (correspondente à Euro 5 da Europa) tem trazido para o Brasil ainda estão sendo analisados pelo poder público. A CNT também está acompanhando e deve realizar uma pesquisa com os empresários do transporte sobre o tema. Mas é certo que as novas tecnologias associadas ao uso de um combustível mais limpo reduzem as emissões. E o fato relatado por muitos entrevistados é que, depois do início da P7, houve um aumento médio no preço dos veículos pesados em até 15%. Também elevaram os custos operacionais das empresas de transporte.
O diesel S-10 (10 partes por milhão de enxofre), que passou a ser comercializado em substituição ao S-500 (500 partes por milhão), está mais caro. Em fevereiro deste ano, o preço médio do litro do S-10 foi R$ 2,250, 4,2% mais caro do que o S-500 (R$ 2,149 o litro). No início da P7, o combustível usado era o S-50. Depois entrou o S-10.
Expectativa – Resultados são acompanhados
Os resultados da implementação da fase P7 no Brasil estão sendo acompanhados pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Ministério de Minas e Energia. Por enquanto, ainda não é possível estimar exatamente os ganhos ambientais. Provavelmente, quando a P7 estiver completando pelo menos quatro anos seja possível comprovar numericamente o abatimento dos poluentes, conforme informa o gerente de qualidade do ar do Ministério do Meio Ambiente, Rudolf de Noronha.
Mas, de acordo com Noronha, a P7 é uma das medidas ambientais no Brasil de maior impacto nas últimas décadas. “Há uma diminuição generalizada dos poluentes locais. Os veículos pesados têm uma contribuição importante. Eles representam cerca de 10% da frota, mas consomem cerca de 50% do combustível. E há um uso muito intenso na área urbana.”
Inspeção
Noronha cita ainda a inspeção veicular ambiental, já adotada na cidade de São Paulo e no Estado do Rio de Janeiro, como uma das iniciativas importantes para a redução da poluição. Ele reclama que os outros Estados estão descumprindo uma medida proposta por eles mesmos. Ao elaborarem os PCPVs (Planos de Controle de Poluição Veicular), a inspeção foi uma das medidas sugeridas por muitos Estados, para ser adotada a partir de 2012. Entretanto, conforme o gerente de qualidade do ar do Ministério do Meio Ambiente, não houve implementação nesse sentido.
Fonte: Documento produzido pela CNT: “A Fase P7 do Proconve e o Impacto no Setor de Transporte”